Almada, pela sua situação biogeográfica e proximidade ao Estuário do Tejo e Oceano Atlântico, detém zonas naturais de elevado interesse ambiental, registando, na sua globalidade, uma biodiversidade muito relevante no contexto metropolitano e regional.
A frente atlântica de 13 km de extensão, com vegetação dunar e fauna marinha de interesse ecológico; a frente ribeirinha de grande produtividade, com função de viveiro natural de muitas espécies marinhas; a Reserva Botânica da Mata dos Medos, integrada na Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica, que detém vegetação mediterrânea e várias espécies endémicas; e a própria geologia e fisiografia desta arriba fóssil, são fatores que concorrem para a existência de uma grande variedade de habitats, potenciadora da diversidade biológica de Almada.
A paisagem, o relevo e a geomorfologia do território, bem como o seu coberto vegetal, são o resultado da interação entre o clima e o tipo de substrato geológico do concelho, onde predominam as rochas sedimentares do período neogénico.
Através da realização de estudos de inventariação florística e faunística, da espacialização da estrutura ecológica municipal e da rede de corredores ecológicos, do desenvolvimento do Plano de Ação Local para Biodiversidade, da concretização de ações de restauro ecológico de ecossistemas, entre outras, a Câmara Municipal de Almada tem procurado valorizar o património natural do concelho e proteger a biodiversidade, promovendo uma maior consciencialização de todos para uma utilização mais sustentável dos recursos biológicos.
Todavia, a perda e fragmentação de habitats, aliadas às alterações climáticas, constituem em Almada pressões externas à biodiversidade, cujo efeito cumulativo poderá originar a perda de habitats e ecossistemas, redução da sua riqueza específica e funções ambientais, e uma diminuição da capacidade adaptativa do território.
Mesmo os habitats naturais que coexistem na matriz urbana podem ser núcleos importantes para a biodiversidade local, assim como para o funcionamento dos ecossistemas. Estes têm um papel fundamental no combate às alterações climáticas, contribuindo para o balanço de carbono na atmosfera, para a proteção costeira, para a mitigação de cheias rápidas e consequente redução da erosão do solo, para a regulação microclimática e mitigação de outros impactos de fenómenos meteorológicos extremos.
A preservação da biodiversidade, a integração de áreas naturais na matriz urbana, o restabelecimento da continuidade entre habitats fragmentados, através de soluções de base ecológica, contribuem para a coerência da paisagem e para que os ecossistemas naturais se vão restaurando, continuando assim a fornecer os seus relevantes serviços ambientais à comunidade.