Os ecossistemas são sistemas naturais que incluem comunidades de seres vivos, que interagem entre si e com o meio físico, de forma interdependente e com elevada complexidade.
Atualmente, grande parte dos ecossistemas mundiais estão em risco ou apresentam algum grau de degradação ou de simplificação. Em risco estão também os serviços ambientais prestados pelos ecossistemas, como sejam a fixação do carbono atmosférico, a redução da poluição atmosférica e purificação da água, a disponibilidade de água potável, a fertilidade dos solos e a produção de alimentos, a redução da erosão e das inundações, e o equilíbrio entre os seres vivos, que diminui a incidência de doenças e pragas sobre o homem, ou sobre as suas culturas, por exemplo.
Embora a proteção dos ecossistemas bem conservados seja fundamental, torna-se prioritária, também, a recuperação dos ecossistemas degradados, através do Restauro Ecológico, o qual consiste num processo de intervenção em ecossistemas deteriorados, danificados ou destruídos, que pretende acelerar o restabelecimento do seu bom funcionamento, para que se tornem mais funcionais e resilientes.
Este alerta é dado por diversas organizações mundiais:
- A Convenção para a Biodiversidade Biológica apela ao restauro ecológico de ecossistemas degradados naturais e seminaturais, incluindo os existentes em meios urbanos, como um contributo para inverter a perda de biodiversidade, melhorar os serviços ambientais, mitigar os efeitos das Alterações Climáticas, combater a desertificação e melhorar o bem-estar humano;
- No que respeita aos ODS's, Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável para 2030 das Nações Unidas, incluem-se o restauro dos ecossistemas marinhos, costeiros e terrestres no ODS 14 – “Proteger a vida marinha - Conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”, e no ODS 15 – “Vida Terrestre - Proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, travar e reverter a degradação dos solos e travar a perda de biodiversidade”;
- As Nações Unidas proclamaram também o período 2021-2030 como a Década para o Restauro dos Ecossistemas.
Muitas vezes é difícil, ou mesmo impossível, repor na sua totalidade a complexidade intrínseca de um ecossistema, assim como pode não ser possível eliminar as perturbações e riscos que sobre eles atuam. Deste modo, um ecossistema restaurado carece de uma monitorização e gestão constantes, para se manter íntegro, controlar a invasão de espécies oportunistas, os impactos de várias atividades humanas, as mudanças climáticas e outros acontecimentos imprevisíveis.
Almada tem vindo a desenvolver projetos de restauro de ecossistemas, reforçando a Estrutura Ecológica Municipal, bem como em áreas com particular importância de conservação, nomeadamente em zonas de elevada vulnerabilidade, como são as áreas costeiras. São igualmente feitas intervenções em zonas importantes para a conetividade ecológica e a biodiversidade, como as linhas de água, áreas de matos e florestas com maior dimensão com valores de flora e fauna ou habitats mais importantes, zonas ameaçadas com invasões biológicas e áreas degradadas por incêndios florestais.
Globalmente estes projetos de restauro ecológico, que assentam em soluções de Engenharia Natural e em Soluções de Base Ecológica (NBS, Nature Based Solutions), têm contribuído para a preservação da biodiversidade, garantindo a coerência da paisagem e a conectividade ecológica, e para a promoção dos fluxos genéticos, favorecendo a variabilidade das comunidades biológicas nativas. Por outro lado, permitem que os ecossistemas naturais mais relevantes se vão restaurando, para que possam continuar a fornecer os seus relevantes serviços à comunidade local.
Periodicamente são realizadas ações de restauro ecológico com o apoio de voluntários, que são divulgadas na Agenda da Câmara Municipal e redes sociais.