«Ainda está em causa o direito a ser? Está. Ainda está! Daí estarmos todos aqui a refletir sobre isso», sublinhou a presidente da CMA, Inês de Medeiros, na sessão de abertura.
No arranque dos trabalhos e através de uma mensagem gravada o ministro da Educação, João Costa, lembrou que estão a ser dados "saltos civilizacionais", mas que há ainda muito por fazer. Os dados da ILGA e da Amplos mostram que "ainda há muito sofrimento, medo, vergonha, discriminação. E a escola tem um papel fundamental. É lá que se dá acesso ao conhecimento e à informação. Todos os comportamentos de violência e de ódio radicam na ignorância".
"É essencial falar publicamente deste tema"
A ministra adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes sublinhou na sua mensagem gravada que "um país decente defende e promove a igualdade, não exclui nem discrimina com base na orientação sexual, na identidade ou na expressão de género. Seremos muitos a hastear a bandeira arco-íris, como símbolo desta luta. Seremos muitos e todos somos precisos".
As "condições para o pleno usufruto do direito a ser não estão garantidas em casa, na rua, nas redes sociais e demasiadas vezes na rede escolar", garantiu Isabel Almeida Rodrigues, secretária de Estado da Igualdade e Migrações. Por isso é "essencial falar publicamente deste tema, combater o discurso de ódio, que todos os dias alimenta o populismo" e "calçar os sapatos destas crianças e jovens".
"Tenho um filho homossexual"
Foi exatamente isso que Manuela Ferreira aprendeu a fazer quando, há 13 anos, descobriu que era mãe de um jovem homossexual. O processo "não foi difícil, mas percebi que precisava de apoio para falar destas questões com naturalidade". Acabou por se tornar presidente da Amplos, que existia apenas há um ano, e cresceu com esta associação. "Cresci enquanto mãe, enquanto mulher, enquanto pessoa essencialmente. Aprendi a calçar os sapatinhos do outro". Estes encontros "são importantíssimos. As questões têm de sair das associações, têm de ser faladas. As pessoas têm de perceber que isto são direitos humanos, não são privilégios".
Vila Nova de Gaia acolhe próximo Fórum
Sandra Ribeiro, Presidente da CIG, e Pedro Cunha, diretor-geral da Educação, apresentaram um guião com “Orientações para a prevenção e combate à discriminação e violência em razão da orientação sexual, identidade de género, expressão de género e características sexuais, em contexto escolar”.
Seguiu-se um debate com moderação da jornalista Ana Tulha. Participaram Manuela Ferreira, da Amplos, Jo Matos, da Rede ex aequo, Jorge Gato, professor na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, e Isabel Moreira, deputada na Assembleia da República (por vídeo).
O Fórum Nacional IDAHOT foi organizado pela CIG e pela CMA. Pretende reunir representantes de organismos públicos, sociedade civil, academia, autarquias locais, entre outras entidades, para uma discussão participada sobre ações e estratégias de promoção e defesa dos direitos humanos das pessoas LGBTI+. A próxima edição, em 2024, realiza-se em Vila Nova de Gaia.