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Rua da Cerca / Rua Serpa Pinto

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Em 1992, uma equipa de arqueólogos escavou a zona junto à entrada da Casa da Cerca. Descobriu duas lixeiras que continham vestígios indiciadores da presença de antepassados nobres anteriores ao período histórico do atual edifício. Uma das lixeiras possuía fragmentos de objetos e materiais de meados do século XIV: cerâmicas comuns, moedas cunhadas no tempo de D. Dinis e de D. Afonso IV, faianças de reflexos metálicos com decoração a azul, provenientes dos ateliers mudéjares de Paterna e Manises (região de Valência, Espanha). Na lixeira mais recente, dos finais do século XVI, encontrou um conjunto de fragmentos de objetos exóticos, nomeadamente, porcelanas chinesas, faianças de fabrico italiano e holandês, uma turquesa em bruto, uma conta de colar em topázio e o cabo de uma colher com uma cabeça de crocodilo talhada em marfim, minuciosa obra afro-portuguesa oriunda da região da Costa do Marfim. 
Não sabemos se estes objetos pertenciam, em particular, à Quinta da Cerca, mas podemos concluir que, neste lugar ou na sua envolvência, existiam casas nobres pertencentes a mercadores que viajavam com mercadorias de luxo, percorrendo rotas de comércio entre várias regiões da África e do Norte da Europa. Muitos destes objetos faziam uma passagem breve por aqui. Outros, que por diversas razões foram ficando, acabaram por se sedimentar. Rotas e sedimentos: parecem ideias opostas, mas coexistem na história deste Lugar.
Nota: Núcleo Histórico de Almada e Zona Especial de Proteção Casa da Cerca.