Comunidade de leitores “Sábados de leitura” – Literatura lusófona O alegre canto da perdiz, de Paulina Chiziane (Moçambique)
Dia: 6 de dezembro | SÁB
Horário: 15h00
Local: Casa da Cidade
Comunidade de leitores “Sábados de leitura” – Literatura lusófona
O alegre canto da perdiz, de Paulina Chiziane (Moçambique)
Delfina é uma mulher bonita, «uma negra daquelas que os brancos gostam». A sua história de vida é a história da mulher africana, a história da apocalíptica perda do sonho. Esta mulher debate-se entre «escolher o caminho do sofrimento, o amor que sente por José dos Montes, e eliminar a sua raça para ganhar a liberdade», procurando o homem branco que lhe dará o alimento e o conforto que deseja. Mas o que é o amor para a mulher negra? O problema arrasta-se ao longo do livro, aparentemente sem solução: «viver em dois mundos é o mesmo que viver em dois corpos, não se pode. Tu és negra, jamais serás branca». Mesmo assim a mulher negra «procura um filho mulato, para aliviar o negro da sua pele como quem alivia as roupas de luto».
O sufoco das palavras outrora silenciadas, a valentia e a frontalidade gritam alto nos romances de Paulina Chiziane. Neste diálogo consigo própria, a conhecida escritora moçambicana mistura imaginação, fantástico e misticismo, num retrato poderoso e peculiar da sociedade e da mulher africanas.
Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou linguística em Maputo, mas não concluiu o curso. Atualmente, vive e trabalha na Zambézia. Ficcionista, publicou vários contos na imprensa (Domingo, na «Página Literária», e na revista Tempo). Publicou o seu primeiro romance, Balada de Amor ao Vento, depois da independência (1990), que é também o primeiro romance de uma mulher moçambicana. Ventos do Apocalipse, concluído em 1991, saiu em Maputo, em 1995, como edição da autora e foi publicado pela Caminho em 1999. O Sétimo Juramento e Niketche foram publicados em Portugal em 2000 e 2002, respetivamente. Afirma: «Dizem que sou romancista e que fui a primeira mulher moçambicana a escrever um romance, mas eu afirmo: sou contadora de estórias e não romancista. Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos à volta da fogueira, minha primeira escola de arte.»
Em 2014, foi agraciada pelo Estado português com o grau de Grande Oficial da Ordem Infante D. Henrique. Em 2021, recebeu o mais prestigiado galardão das letras lusófonas, o Prémio Camões.
Duração: 180 min
Público-alvo: público adulto em geral
Entrada livre sujeita à lotação da sala