Meia-Noite - 40º Festival de Almada
Quando em 2014 estreou Minuit, Yoann Bourgeois quis deixar claro que esta sua nova criação marcava o início de um projeto de vida. E atribuiu-lhe um subtítulo: Tentativas de aproximação ao ponto de suspensão. Como se estivesse a levar a cabo uma análise à gramática do seu processo criativo. Tratou-se de um presente que resolveu dar a si próprio, numa altura em que a sua carreira atingia já um elevado ponto de maturidade e reconhecimento. “Esta idade não representa um limite objetivo, nem uma realidade temporária. Independentemente do número de dias que nos restam, mesmo fazendo prognósticos audaciosos, esse será sempre um tempo curto. O meu programa é desarmar o tempo. Algo obviamente impossível. Mas podemos tentar”, escreveu então.
E esse esforço resultou num espetáculo leve como uma pluma esvoaçante, no qual as músicas inebriantes dos solos da harpa nos levam pelos caminhos de um sonho. Ao mesmo tempo, este é um projeto assumidamente teatral, no que diz respeito à sua materialidade. Resumidamente, podemos alvitrar que o novo-circo vai ao teatro, e que estas duas linguagens se fundem, num estudo da relação corpo/força. Em perpétua renovação, Yoann Bourgeois trabalha atualmente na conceção de um espaço criativo experimental no maciço de Chartreuse, que articulará a pesquisa poética com a sensibilização ambiental.
Por Yoann Bourgeois Art Company (França).