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Música
17 May 2022

Música e literatura na casa do silêncio

O programa completo do Festival de Música dos Capuchos 2022 (FMC) já é conhecido.
«Um desafio fascinante», nas palavras do diretor artístico, Filipe Pinto-Ribeiro, que se fez acompanhar pelo co-fundador do festival, António Wagner Diniz, para contar como tudo começou, há mais de 40 anos.

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Conferência de Imprensa para apresentação do Festival de Música dos Capuchos de 2022

Durante quatro fins-de-semana, entre 16 de junho e 10 de julho, o Convento dos Capuchos e o auditório da Nova FCT, ambos na Caparica, tornam-se o centro do mundo da música.

Vamos poder ouvir a Orquestra de Câmara de Viena, uma das referências mundiais do género, a par de músicos consagrados, como o cravista Pierre Hantaï, o pianista Konstantin Lifschitz, o bandoneonista Héctor Del Curto ou o violetista Gérard Caussé, que regressa aos Capuchos mais de 30 anos depois.

Esta edição reflete ainda a «vontade de dar a conhecer quem ainda não esteve cá», afirmou Filipe Pinto-Ribeiro. Por isso, destacam-se os nomes de alguns dos jovens músicos mais requisitados da atualidade, vencedores dos principais concursos mundiais. É o caso da violinista ucraniana Diana Tishchenko, da pianista russa Anna Tsybuleva e do violoncelista e maestro francês Victor Julien-Laferrière.

O programa tem «o cuidado de fazer diálogos com outros géneros musicais». Por exemplo, no mesmo palco onde atua a Orquestra Gulbenkian, responsável pela Beethoven Fest, ouvem-se a música tradicional mirandesa, com o grupo Galandum Galundaina. Depois, há ainda o Tango de Piazzolla, as Canções de Lopes-Graça, ou os cruzamentos da música antiga com a contemporaneidade. Muito para ouvir nesta edição. 

No Convento dos Capuchos, que se assume como a Casa do Silêncio, há um ciclo de conversas moderadas por Carlos Vaz Marques e que cruzam literatura e música. Os convidados são imperdíveis - Manuel Alegre, Lia Gama, António Mega Ferreira, Jorge Vaz de Carvalho, Mónica Baldaque e Hélia Correia.

Com estas conversas, sempre aos sábados às 17 horas, assinalam-se também três importantes efemérides literárias. Os 450 anos da publicação de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, o centenário do nascimento de Agustina Bessa-Luís e o centerário da morte de Marcel Proust.

Há 40 anos, nos Capuchos...

Inês de Medeiros, Presidente da CMA, garantiu que este novo festival «não esquece o que foi a sua origem e os seus fundadores» e, por isso mesmo, quis «partilhar a alegria de estar aqui o seu co-fundador, António Wagner Diniz, por aquilo que fez em relação a este festival, mas também, por toda uma carreira e vida dedicada ao ensino. Para quem não sabe, foi ele a alma do grande projeto que é a Orquestra Geração». 

António Wagner Diniz, foi co-fundador do Festival dos Capuchos em 1980, em parceria com José Adelino Tacanho. Eram «colegas no conservatório há 40 anos» e ensaiavam semanalmente no Convento dos Capuchos, na época ainda abandonado. 

Sonharam «fazer um festival que não fosse uma cópia do que já existia», um em Sintra, outro no Estoril, outro ainda na Póvoa do Varzim. Seria para «apresentar a nossa geração», lembra. E «atirámo-nos de cabeça». Na primeira edição tocaram-se modinhas portuguesas no meio do rio, num cacilheiro. 

Quis o destino que Wagner continuasse os seus estudos como bolseiro da Gulbenkian. Tacanho ficou e aguentou «com originalidade e fidelidade o projeto original». 

Esta nova edição tem pernas para andar e muita qualidade, adiantou o músico, já em final de carreira. Em 2022, será alvo de uma homenagem em forma de concerto, uma Carta Branca que conta com a participação de jovens cantores.

O programa detalhado do Festival pode ser consultado aqui.

Bilhetes já à venda aqui