Skip to main content
Saúde
18 April 2020

Proteger quem está na linha da frente

Em Almada, há um grupo de pessoas que faz chegar material de proteção individual a quem está na linha da frente do combate à Covid-19. Até ao momento, já entregaram mais de 3000 viseiras na região, encontrando ainda solução para outros problemas que lhes vão sendo reportados.

Cma Logo

«Não sabemos bem o que somos, se um movimento se um grupo de rebeldes», diz em tom de brincadeira, o enfermeiro Júlio Belo, professor da cooperativa de ensino Egas Moniz, na Caparica, que em conjunto com a colega Joana Afonso, da start up Careceiver, se juntou a uma corrente de profissionais, de diferentes áreas, empenhada em proteger quem está na linha da frente desta pandemia.

O núcleo duro deste movimento de solidariedade é formado por 10 elementos e reúne-se todas as noites, por videoconferência, para em conjunto antecipar necessidades, estabelecer contactos, fazer pontes e conseguir soluções.

Mais de 3 mil viseiras entregues

Até hoje, só no concelho de Almada, entregaram cerca de 1560 viseiras, mil no Hospital Garcia de Orta, 300 nos centros de saúde, 230 em lares de idosos e 30 nas corporações de bombeiros.

Além das viseiras, procuram soluções para problemas detetados nos hospitais: tecidos reutilizáveis para confecionar fatos de proteção individual, peças que permitam trazer os elásticos das máscaras à nuca, tornando-as mais eficientes e seguros para os profissionais de saúde, protótipos de câmaras de esterilização, mecanismos para filtrar o ar nas máscaras bipap (ventiladores não invasivos), entre outras soluções.

Da listagem contabilizam-se mais de 3000 viseiras entregues em Almada Setúbal, Palmela, Sesimbra, Seixal, Moita, Montijo, Barreiro, Alcochete e Santiago do Cacém.

 

O início do movimento

 

Quando a Covid-19 chegou a Portugal, «soubemos por dois enfermeiros que eram precisos equipamentos de proteção individual nos hospitais», relata André Almeida, da Artica, uma empresa instalada no Madan Parque, que hoje funciona como linha de montagem e centro de logística deste movimento, que angariou cada vez mais pessoas.

Aos elementos da Ártica – André Almeida, Guilherme Martins, Tarquínio Mota e João Ribeiro –  juntaram-se Cristina Gouveia e Bruno Félix, da 3D Mask Portugal, incansáveis na produção de materiais.

A Unparallel Inovation, passou também a estar representada no grupo através do professor Pedro Maló, apoiando com a aquisição de mil viseiras para doação.
Juntou-se ainda o professor António Grilo, presidente do Madan Parque, que já liderava um grupo de produção de máscaras neste parque de ciência e tecnologia, localizado na Caparica.

Este núcleo de 10 pessoas reúne-se diariamente para tentar estar um passo à frente dos desafios colocados pela pandemia, antecipando as necessidades da comunidade e como ajudar a encontrar alternativas.

«Se Portugal entrasse em guerra dificilmente me alistava, não está no meu ADN, mas neste tipo de batalha, temos de proteger-nos, a nós e aos outros e, sobretudo, olhar pelos que estão na linha da frente», remata André Almeida.