Um dois três - 40º Festival de Almada
Três performers, acompanhados por um pianista, convidam-nos a dar a volta ao mundo mágico e extravagante dos clowns. Há vários aspetos desta arte que se cruzam em palco: o mimo da cara branca, a sombra negra da commedia dell’arte, e um verdadeiro homem- borracha — interpretado pelo português Romeu Runa —, que é quem mais nos remete para as fronteiras e os limites performativos dos corpos, nesta peça sempre superados. Runa dobra-se e encaixa-se num cubo de acrílico, donde sairá, triunfante e desembestado, ao fim de quinze minutos. Zimmermann inventou um museu onde estes três intérpretes evoluem, e repetidas vezes se opõem: os artistas não suportam que lhes coartem a liberdade. Tudo assente numa sofisticada acrobacia, rigorosamente coreografada. Explica o coreógrafo: “Há já muito tempo que procuro compreender a figura e o papel do clown no teatro contemporâneo. Um clown não é um ator, não tem género: apresenta-se em palco por inteiro, revelando o seu interior e o seu exterior. A sua figura gira sempre em torno da
questão da existência”.
Por MZ Atelier (Suíça).