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Almada
Intervenção social
Solidariedade
13 April 2022

Almada já acolheu mais de meio milhar de cidadãos ucranianos

Solidária com a Ucrânia desde o primeiro momento, Almada é o concelho do distrito de Setúbal que acolhe o maior número de cidadãos ucranianos, forçados a abandonar o país depois da invasão russa. Teodolinda Silveira, vice-presidente e responsável pela Intervenção Social na CMA, esclarece como o município tem apoiado os refugiados e de que forma os almadenses podem continuar a dar o seu contributo.

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Almada, Ucrânia, Solidariedade, Quartel, Bombeiros, Trafaria
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Vereadora Teodolinda Silveira, CMA
Teodolinda Silveira, vice-presidente e responsável pela Intervenção Social na CMA
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Almada, Ucrânia, Solidariedade

Almada tem vindo a demonstrar o seu apoio à comunidade ucraniana desde o início da invasão da Ucrânia pelo exército russo. Que medidas foram implementadas?

Toda a organização das respostas a dar nas diversas vertentes foi muito rápida. A primeira de todas foi a recolha de bens em articulação com as IPSS e as Juntas de Freguesia. Contactámos a embaixada da Ucrânia que nos deu uma lista dos bens mais necessários, os quais foram recolhidos para enviar para a Polónia, país com fronteira com Ucrânia. Enviámos dois camiões TIR com cerca de 35 mil toneladas de roupas, bens alimentares, medicamentos e produtos de higiene.

 

Que mensagem gostaria de transmitir a quem chega ao nosso concelho e aos almadenses?

Aos ucranianos que chegam, lamentar profundamente os factos que levaram a que tivessem de deixar as suas terras, as suas famílias, os seus bens, mas dizer-lhes também que Almada é um território de muitos, está muito habituada a receber imigrantes e que eles serão com certeza bem acolhidos. Tudo o que fizemos foi para facilitar esta interação entre eles e o município.

Aos almadenses o que lhe posso dizer, do fundo do coração, é que foram efetivamente inultrapassáveis na resposta que deram a tudo, à recolha de bens, até mesmo à disponibilização de tradução, de emprego e, em alguns casos, de habitação. Mais uma vez, deram provas de que são cidadãos abertos e dispostos a acolher quem nos procura para ter melhores condições de vida e, neste caso concreto, nas situações em que nos chegam.

 

Está previsto o envio de mais algum camião com bens doados pelos almadenses para a Ucrânia?

Neste momento não se justifica o envio de bens de países tão longínquos como Portugal, porque há países mais próximos a dar esse contributo. Os produtos já recolhidos, os quais ainda são muitos, estão armazenados no quartel dos Bombeiros Voluntários da Trafaria, local onde concentrámos esta operação, e serão colocados à disposição das famílias ucranianas que estão a chegar ao nosso concelho.

 

Até ao momento, quantos refugiados ucranianos chegaram a Almada?

De acordo com os registos oficiais, acolhemos em Almada até agora 514 cidadãos ucranianos. Almada é o concelho do distrito de Setúbal que recebeu mais pessoas refugiadas da Ucrânia. Uma das razões é a forte comunidade ucraniana residente em Almada.

 

De que forma o município tem dado resposta às solicitações da comunidade ucraniana?

O e-mail sosucrania@cm-almada.pt, que foi criado logo no início deste conflito, é a ponte entre o município e os refugiados que procuram ajuda, assim como todas as pessoas que os queiram apoiar. É gerido por uma equipa multidisciplinar que integra a intervenção social, o emprego, a saúde, a educação, a proteção civil, que faz a análise dos pedidos, visita as famílias, fornece bens de primeira necessidade e encaminha essas famílias para as respetivas áreas de apoio, seja a segurança social, a saúde, o acolhimento das crianças nos estabelecimentos de ensino e para respostas no âmbito da língua portuguesa não materna. Qualquer refugiado que esteja no concelho de Almada tem, sempre, uma porta aberta para colocar a sua questão. Até ao momento, já respondemos a um conjunto muito alargado de famílias.

 

E em relação ao alojamento das famílias de refugiados que chegam ao nosso concelho qual tem sido o procedimento?

O acolhimento de cidadãos ucranianos está a ser feito em articulação com o Alto Comissariado para as Migrações (ACM) para garantir que estão asseguradas todas as formalidades necessárias com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Temos cerca de 80 camas no Caparica Sun Center para acolher temporariamente os refugiados. Já acolhemos cerca de 20, através do ACM. O município disponibiliza transporte e uma equipa acompanhada de um tradutor para fazer um acolhimento mais integrado, mais próximo daqueles que recebemos. Quando chegam ao nosso concelho é-lhes assegurada alimentação, bens de primeira necessidade, e inclusivamente, o apoio de um psicólogo. De seguida, são encaminhados para a segurança social e para a bolsa de emprego local, assim como para a aprendizagem da língua portuguesa. Quando existirem grupos com cerca de 25 a 30 pessoas poderá ser deslocado ao Caparica Sun Center um técnico para apoio ao nível do emprego e da segurança social, e poderão também ser lecionadas aulas de português no local, evitando deslocações sempre difíceis.

 

Também as escolas do concelho já iniciaram a integração das crianças e jovens ucranianos…

A integração nas escolas está a ser muito rápida e tem decorrido sem problemas. Até ao momento, temos identificadas cerca de 30 crianças e jovens que foram integradas nas escolas e IPSS do concelho.

 

Que outras medidas existem em relação ao acolhimento?

O problema da habitação é o que temos mais dificuldade em resolver. Neste âmbito, o ACM em colaboração com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) disponibilizou o programa Porta de Entrada, que já existia e foi redirecionado para esta população de refugiados, e que tem como objetivo dar um apoio significativo no pagamento da renda. Já apresentámos candidaturas de arrendamento de habitação para dar resposta a 30 famílias.

 

De que forma os almadenses podem continuar a ajudar?

Os almadenses deram uma resposta espantosa. Com a solidariedade demonstrada pela nossa comunidade, conseguimos angariar uma enorme quantidade de bens. Para já, vamos suspender a recolha de bens, uma vez que ainda existem muitos armazenados nos Bombeiros Voluntários da Trafaria, os quais serão direcionados para as pessoas que estamos a acolher. Se houver necessidade, solicitaremos novamente a colaboração da comunidade.

Podem continuar a ajudar através da plataforma Portugal for Ukraine ou do e-mail sosucrania@cm-almada.pt disponibilizando acolhimento ou voluntariando-se para o apoio à aprendizagem da língua, ou qualquer outra oferta, com tudo o que possa melhorar a vida destes cidadãos. O município continuará a fazer a articulação entre essas necessidades e as ofertas que nos cheguem.