Venham mais cinco é uma exposição com 200 imagens, em grande formato, de alguns dos maiores fotógrafos do mundo que retrataram a Revolução Portuguesa, e que também acompanharam a independência das ex-colónias.
Reúne um património histórico incontornável que não esteve acessível em Portugal durante 50 anos.
No Parque Empresarial da Mutela (antiga Lisnave) de 5ª feira a domingo das 11h às 19h.
Biografia dos Fotógrafos
Alain Keller, Alain Mingam, Alécio de Andrade, Augusta Conchiglia, Benoît Gyembergh,Dominique Issermann, Fausto Giaccone, François Hers, Gérard Dufresne,Gilbert Uzan, Giorgio Piredda, Guy le Querrec, Henri Bureau, Hervé Gloaguen, Jacques Haillot, Jean Gaumy, Jean-Claude Francolon, Jean-Paul Miroglio, Jean-Paul Paireault, José Sanchez-Martinez, Michel Giniès, Michel Puech, Paola Agosti, Perry Kretz, Rob Mieremet, Sebastião Salgado, Serge July, Sylvain Julienne, Uliano Lucas, Vojta Dukát.
Alain Keller veio para Portugal nos primeiros anos da sua carreira de fotojornalista e permaneceu vários meses no país. Trabalhou para as agências Sygma e Gamma na década de 1970. Viaja constantemente desde então, cobrindo acontecimentos em todo o mundo. Foi distinguido com prémios como o World Press Photo, o Grand Prix Paris Match de fotojornalismo e o prémio W. Eugene Smith.
Alain Mingan começou o seu percurso profissional na agência Sipa Press, seguiu para a Gamma e depois para a Sygma, das quais foi respectivamente editor-chefe e director editorial. Viveu e fotografou intensamente o processo revolucionário português, e esteve presente na independência de Angola. Vencedor do World Press Photo, foi vice-presidente da Reporters Sans Frontière.
Fotógrafo, poeta e pianista, Alécio de Andrade nasceu no Rio de Janeiro. Mudou-se para Paris em 1964, após o Golpe Militar. Foi o primeiro brasileiro a integrar a agência Magnum. Cobriu amplamente a realidade portuguesa no ano de 1974. O livro «Lumière d’Avril, Portugal 1974», com fotografias suas, foi publicado por ocasião do cinquentenário da Revolução, acompanhando uma exposição itinerante.
Agusta Conchiglia é jornalista, fotógrafa e co-realizadora de documentários. Em 1968, foi a Angola documentar a guerrilha do MPLA. As suas imagens dos combatentes que marchavam com paus em vez de armas chamaram a atenção da comunidade internacional. Daí resultou o livro Guerra di popolo em Angola (1969). Em 1974 também documentou as independências africanas.
Benoît Gysembergh foi um importante fotojornalista e fotógrafo de guerra. Aos vinte anos trabalhava para a agência Gamma em Paris, e para a Camera Press em Londres. Em 1977 integrou o grupo de fotógrafos da Paris Match, revista na qual colaborou durante vinte e cinco anos, publicando mais de quinhentas páginas duplas.
Dominique Issermann começou a trabalhar em cinema no final dos anos 1960, e como repórter fotográfica durante a Revolução dos Cravos, em Portugal. A partir de finais dos anos 1970 torna-se uma das mais importantes fotógrafas de moda, trabalhando com Sonia Rykiel, Dior e Chanel, mas também fotografando personalidades como Catherine Deneuve, Marguerite Duras, Balthus e Bob Dylan. Recebeu as principais ordens de mérito de França.
Fausto Giaccone nasceu na Sicília. Quando era estudante de arquitetura, fotografou movimentos e protestos juvenis. Viajou pelos cinco continentes como fotojornalista freelancer, mas foi a sua reportagem de 1975 sobre as ocupações de terras na aldeia de Couço, no Ribatejo, que alterou a sua vida. Regressou dez anos depois e publicou o livro «Uma História Portuguesa». Mantém uma forte ligação a Portugal, onde realizou várias exposições, incluindo uma no Panteão Nacional.
François Hers é co-fundador da cooperativa Viva. Foi enviado de Nova Iorque para Portugal durante o Verão Quente. As suas fotografias dos ataques à sede do PCP em Braga foram destaque da revista Paris Match e percorreram o mundo.
Artista reputado pela sua atividade no campo da fotografia e no trabalho com o vidro, sobretudo nos anos 60 e 70. Documentou extensivamente a Revolução Portuguesa e as suas imagens ainda hoje sobre este período são publicadas em jornais e revistas.
Nos anos 60, Gérard Dufresne trabalhou no laboratório Pictorial Service, onde teve contacto directo com as obras de Cartier-Bresson, Sieff, Riboud e outros mestres. Passou pelo Portugal revolucionário, antes de se dedicar à fotografia de paisagem.
Guy Le Querrec começou como editor e fotógrafo da revista Jeune Afrique. Em 1971 cedeu os seus arquivos à Agence Vu e em 72 foi co-fundador da Viva. Em 1976 ingressou na Magnum. Entre 1974 e 1975, fascinado pela Revolução dos Cravos, viajou para Portugal e fotografou o país de Norte a Sul. Em 1979, em parceria com Jean-Paul Miroglio, publicou o livro «Portugal 1974-1975: Regards sur une tentative de pouvoir populaire». É uma lenda viva da fotografia.
Henri Bureau começou a fotografar em Paris, com vinte anos. Em 1966 é enviado para o Vietname e começou a fazer grandes reportagens. Entrou na Gamma em 1967 e participou da criação da Sygma em 1973. Em Abril de 1974, é um dos primeiros fotógrafos internacionais a chegar a Lisboa, sendo premiado com o World Press Photo desse ano. A partir de 1982, torna-se editor e diretor de sucessivas agências fotográficas.
Hervé Gloaguen estudou belas-artes, fotografia e cinema. Em 1963, tornou-se assistente do fotógrafo Gilles Ehrmann. Em 1971, ingressou na Agence Vu e, em 1972, participou da criação da cooperativa Viva, onde assina inúmeras reportagens, entre as quais uma dedicada à Revolução dos Cravos.
Jacques Haillot nasceu na Argélia e trabalhou durante muitos anos para o semanário L'Express. Morreu em Portugal em 1998. Os seus arquivos são distribuídos pela Getty Images.
Jean-Claude Francolon dedica-se à fotografia de imprensa desde os vinte e cinco anos, primeiro na agência A.P.I.S., e depois na Gamma, fundada por Gilles Caron e Raymond Depardon. Cobriu os principais momentos dos anos 1970, como o 25 de Abril de 1974, de que tem fotografias únicas, a cores, e os processos de paz em Moçambique. Tornou-se vice-director da Gamma em 1988, director geral em 1992 e presidente em 1994. Também se dedicou ao cinema.
Jean Gaumy começou a carreira fotográfica em 1972, na agência Viva. Em 1973 passou para a Gamma, onde permaneceu até 1976. Algumas das suas fotografias das primeiras eleições livres em Portugal são incontornáveis, como a imagem de um homem que aperta a bochecha de Mário Soares. Em 1977 ingressou na Magnum, da qual ainda é membro. É membro da Academia de Belas-Artes do Institut de France.
Jean Paul Miroglio dedicou-se à foto-reportagem desde cedo. Entre 1970 e 1975, colaborou com o semanário Politique Hebdo, para o qual fez a cobertura da queda de três ditaduras (Grécia, Portugal e Espanha). Do seu encontro com Guy Le Querrec nasceu um livro colectivo para celebrar uma revolução pacífica e popular: «Portugal 1974-1975: Regards sur une tentative de pouvoir populaire».
Jean-Paul Paireault foi assistente de Marc Riboud nos anos 1970 e trabalhou como foto-repórter internacional para as agências Magnum e Gamma, sendo distinguido pelo seu trabalho. Cobriu a Revolução Portuguesa para a Magnum de Julho de 1974 até ao final de 1975.
Fotógrafo do diário espanhol ABC, enviado para Lisboa a 25 de Abril de 1974. São de sua autoria parte das imagens publicadas no ABC sobre a Revolução.
Michel Giniès trabalha para a agência Sipa Press desde 1972. Passou por Lisboa no início da Revolução.
Michel Puech começou sua carreira no diário Combat como jornalista. Tornou-se repórter fotográfico do coletivo Boojum Consort e co-fundou a Fotolib, agência fotográfica do diário Libération. Chegou a Portugal no final de Abril e realizou uma das suas primeiras reportagens fotográficas. Desde 2008, dirige e edita o site www.al-oeil.info sobre jornalismo e fotografia.
Paola Agosti iniciou a carreira como fotógrafa em 1968. Apanhou um dos primeiros aviões para Lisboa após o 25 de Abril e em poucas semanas produziu imagens surpreendentes. Desde 1976 o seu foco principal é o feminismo e o trabalho das mulheres. No cinquentenário da Revolução as suas imagens circularam numa exposição em Itália e foram editadas em livro, «Lisbona, la notte è finita! – La Rivoluzione dei garofani nelle fotografie di Paola Agosti».
Perry Kretz nasceu em Colónia. Na década de 1950, mudou-se para Nova Iorque onde estudou jornalismo. Entrou no Exército dos EUA que o manda para a Guerra da Coreia, onde se descobriu como fotógrafo. De volta a Nova Iorque, ingressou na agência Keystone e trabalhou com o New York Post. A partir de 1969, colaborou com a revista Stern (Alemanha), para a qual faz grandes reportagens, entre as quais a Revolução dos Cravos.
Rob Mieremet trabalhou para a ANEFO, Agência Fotográfica Holandesa, entre 1969 e 1975. Ganhou o prémio da melhor foto da imprensa holandesa em 1973. Esteve vários meses em Portugal no período revolucionário.
Sebastião Salgado nasceu no Brasil, onde se formou em economia. Perseguido pelo regime militar, em 1969 muda-se para Paris. Enquanto economista, viajou por África e começou a fotografar no inicio dos anos 70. Começa a fazer reportagens para as agências Gamma, Sygma e Magnum. É nesse início de carreira que regista as imagens da Revolução Portuguesa e das independências de Angola e Moçambique. A partir dos anos 1980 torna-se um dos fotógrafos de maior reconhecimento mundial, responsável por projetos de escala planetária. Em 2015, o documentário sobre a sua trajetória “O Sal da Terra”, de Juliano Salgado e Wim Wenders, é nomeado para um Óscar.
Serge July é um célebre jornalista, fundador do jornal Libération, e figura incontornável da política francesa ao longo de três décadas (1970-2000). Em 1975 acompanhou e fotografou a visita de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir a Portugal.
Sylvain Julienne publicou a sua primeira foto aos 21 anos no semanário The Village Voice. Fotografou os grandes conflitos do planeta para as agências Sipa, Gamma e Sygma. Algumas de suas imagens foram capa de revistas de todo o mundo. Em Abril de 1975 assistiu à captura de Phnom Penh pelos Khmer Vermelhos e foi mantido prisioneiro. Logo de seguida veio para Portugal, onde fotografou o Verão Quente.
Uliano interessa-se desde o início da sua carreira por causas políticas e sociais. Publica em revistas como Tempo, Jeune Afrique e Koncret ou em publicações para a reflexão sobre o terceiro mundo. A revolução portuguesa e as guerras de libertação em Angola e Guiné-Bissau são parte importante do seu trabalho. Tem um livro publicado em Portugal: «Revoluções – Guiné Bissau, Angola e Portugal (1969-1974)».
Vojta Dukát fugiu da Checoslováquia em Agosto de 1968 com a ocupação do país pelo exército soviético. Radicou-se em Amesterdão, onde concluiu estudos de fotografia e cinema. Nos anos 1970, começou a viajar e a fotografar. Indicado por André Kertéz, trabalhou para a Magnum entre 1974 e 1976, período em que viveu e trabalhou em Portugal. Fez importantes exposições individuais. O seu extraordinário livro «Fototorst», contém dezenas de imagens de Portugal.